Hoje eu posso
No dia 8 de março, dia internacional da mulher, fui presentada, pelo meu irmão, com uma blusa. Nela está escrito: “Make Mistakes”, cometa erros – em uma tradução bem chula.
Hoje, neste dia tão cinza, vesti a tal blusa e me olhando no espelho pensei: legal, hoje posso fazer “cagada”, tropeçar e cair, ser ignorante, magoar pessoas, fazer aquela piada tosca… Posso errar! Essa blusa me deu o poder de ser eu mesma: humana, errante, pensante. Por hoje, dane-se os outros.
Engraçado é que essa blusa não mudou em nada minhas condições. Só me rendeu um tempo de reflexão. Sozinha. Num canto. Vivemos em tempos onde errar é errado. Parece ironia, mas, é a mais pura verdade! Temos que ser talentosas, femininas, meigas, ter um namorado (e não pode ser qualquer um), temos que ser inteligentes, bonitas, estar na moda, saber se portar e ah! ser magras.
Definitivamente eu sou um talento, em bobagens. Eu troco nomes, erro endereços, espremo minhas espinhas, deixo leite fervendo e vou ver TV, não ligo no aniversário dos meus melhores amigos, compro P pra pessoas G, pinto minhas unhas e borro tudo, na hora de limpar os cantinhos, falo verdades que machucam e sou feliz assim!
De verdade, estou cansada. Cansada de tentar ser o que não preciso ser e, definitivamente, não sou. Assim como todas as pessoas, eu também erro. Isso é normal Bárbara! O que me deixa triste é que muitas vezes eu mesma não me perdoo. Esqueço que errar não me fazer menor que alguém. Me comparo, me igualo, me rebaixo e fico tentando me colocar em algum patamar de aceitação. Sabe?
Depois de um tempo, caio na real, lembro que o que diferencia todos nós é a forma de lidar erros e problemas; que maturidade não está relacionada a errar menos. É a bagagem, com nossos valores, ideologias, experiências e condições que nos permitem tomar atitudes, reagir, aprender e sim, errar mais e mais.
Errar é humano, já dizia o ditado, mas aceitar seus próprios erros e tirar reflexões deles é mais humano ainda. Ser perfeito está longe de acontecer. O esquema é se aceitar, mandar um dedo do meio “pras” pessoas que te apontam e seguir em frente.